Manual sobre o Programa de Prevenção e Controle de Perdas -PCP
FUNDAMENTOS DO CONTROLE DE PERDAS
FUNDAMENTOS DO CONTROLE DE PERDAS
O
processo pelo qual uma perda por acidente ocorre é uma série
seqüencial de causas e efeitos que tem como resultado danos aos
recursos humanos, materiais ou descontinuação operacional. Esse
processo compõe-se de três fases distintas: condição potencial de
perdas, acidente e perda real ou potencial.
- CONDIÇÃO POTENCIAL DE PERDA: é a condição ou grupo de condições que tem a capacidade, sob certas circunstanciam não planejadas, de efetivar a perda. Como condição ela é estática, de equilíbrio instável e, em momento não previsível, gerado em função de circunstancias que lhe são favoráveis, pode desencadear o acidente.
- ACIDENTE: é o acontecimento indesejado e inesperado ( não programado ) que produz ou pode produzir perdas.
- PERDA REAL OU POTENCIAL: perda real é o produto do acidente e pode manifestar-se como lesão ou morte de pessoas, danos a materiais, equipamentos, instalações e edificações ou mesmo a descontinuação do processo normal de trabalho. A perda potencial, também chamada de quase perda, é aquela que em circunstâncias um pouco diferentes poderia ter-se transformado em perda real.
As
perdas normalmente podem ser avaliadas em termos de custos – custos
de reparo do equipamento danificado, despesas médicas e
hospitalares, lucro cessante, aumento da taxa de seguro, etc.
Porém
torna-se muito discutível quando se trata da vida
humana,
uma vez que esta não
tem
preço,
embora possa haver estipulação de valor para efeito de indenização
de seguro.
A
extensão da perda por si só não determina a importância que deve
ser dada ao controle das causas que a geraram. Somente
uma análise criteriosa das causas do acidente e do seu potencial em
gerar perdas, quer quanto à freqüência provável de ocorrência,
quer quanto à extensão dos danos, deve determinar o grau de
controle a ser adotado.
Para
entendermos melhor o pensamento moderno do Controle
de Perdas
e também identificar o que antecede o incidente a exemplo do que fez
Heinrich, vamos usar as pedras do dominó.
- FALTA DE CONTROLE: representa uma falha administrativa que pode estar ligada ao planejamento, a aspectos de organização, à falta de tato diretivo-administrativo e à não existência, por exemplo, de padrões de controle.
- CAUSAS BÁSICAS: ocorrem quando não há um controle técnico administrativo adequado. Essas causas devem ser consideradas por nós como raízes, como causas reais e indiretas e, portanto, são aquelas que realmente devem ser analisadas, acima de tudo.
- CAUSAS IMEDIATAS: derivam da existência de atos e condições que transgridem algo preestabelecido e já aceito, resultando em perdas na operação industrial. Os acidentes acontecem quando uma série de fatores sob certas circunstâncias se combina. Em pouquíssimos casos existe só uma causa que dará origem àquele evento deteriorador, com conseqüências para a segurança, produção ou qualidade.
A
fim de entender melhor as circunstâncias que originam as causas dos
incidentes, convém recordar os quatro elementos relacionados com os
mesmos e que interagem:
- PESSOAS: o trabalhador é o que está diretamente envolvido na maioria dos acidentes, pois aquilo que faz ou deixa de fazer é considerado como fator casual imediato;
- EQUIPAMENTO: esse elemento constitui, desde os primórdios da prevenção de acidentes, a fonte principal de acidentes, o que deu origem à chamada “proteção de máquinas” e à necessidade de se treinar o trabalhador;
- MATERIAL: elementos de que as pessoas se beneficiam, usam, transformam e a fonte de causas de acidentes;
- AMBIENTE: formado por tudo aquilo que rodeia o trabalhador e, portanto, inclui o próprio ar que o trabalhador respira e as edificações que o abrigam. Convém atentar para o fato de que grande parte das empresas brasileiras tem construções antigas que fogem aos atuais preceitos das Normas Regulamentadoras, da Portaria 3.214, representando a fonte de causas de problemas que afligem a empresa brasileira nos dias atuais: reclamações trabalhistas, ausentismo, doenças ocupacionais, baixa qualidade de trabalho, etcESTRUTURA
O
sistema de controle dos acidentes com danos à propriedade consiste
nas seguintes etapas:
-
Detecção
e comunicação de acidentes:
O
acidente pode ser detectado, quando de sua ocorrência, pela execução
de manutenção curativa (reparo de danos) ou preventiva, ou de
inspeções de áreas. Cabe a qualquer empregado da empresa, tão
logo tenha conhecimento do acidente, comunicá-lo. Os empregados de
nível abaixo de encarregado devem reportar o acidente ao seu
superior imediato, para que este, além de efetuar a comunicação do
acidente ao SESMET, tome outras providências necessárias.
-
Comunicação
à seguradora e controle dos acidentes evolvendo bens segurados:
O
SESMT, quando recebe a comunicação do acidente, verifica se os bens
danificados são ou não segurados. Em caso positivo, solicita uma
estimativa de custos dos danos e informa a diretoria financeira, a
qual efetua a comunicação à companhia de seguros e decide a
liberação dos bens para reparo e danos.
-
Liberação,
para reparo, dos bens acidentados
A
liberação dos bens acidentados tem dois objetivos: atender às
normas da companhia de seguros, quando trata de bens segurados e
prevenir outros acidentes derivados da situação gerada pelo
acidente ocorrido. Cabe à diretoria financeira a liberação: ao
seguro e ao SESMET a liberação e recomendação de cuidados
especiais quanto aos aspectos de segurança.
Investigação e análise dos acidentes:
A
investigação do acidente tem por objetivo a determinação das
causas e a recomendação de medidas corretivas, além do registro do
acidente para posterior análise estatística. A investigação do
acidente é feita inicialmente pelo técnico de segurança, com
participação do encarregado e de técnicos das áreas envolvidas.
Um relatório do acidente é elaborado, sendo posteriormente
analisado pelas chefias das mesmas áreas. Determinadas as causas dos
acidentes, são estudadas as recomendações e as medidas corretivas
para evitar a repetição dos mesmos. O relatório final é elaborado
e distribuído às áreas diretamente envolvidas: contabilidade,
gerência de manutenção e diretoria financeira. Uma cópia é
enviada para a alta administração.
-
Implementação e controle de execução das medidas corretivas:
A
implementação das medidas corretivas é responsabilidade da chefia
da área que tem ação sobre as causas do acidente. Para garantir a
efetiva adoção da medida corretiva, o SESMET discute o relatório
de acidente nas reuniões de segurança. A medida recomendada é
registrada na ata de reunião, como item pendente, sendo retirada
desta somente após ser executada.
-
Controle dos custos dos acidentes:
Os
custos de reparo dos danos decorrentes de acidentes são controlados.
Para cada acidente é aberta uma ficha de custos; o SESMET, por
exemplo, poderá fornecer o número de controle da mesma. Antes de o
serviço de manutenção iniciar o reparo, ele solicita ao SESMET o
número da ordem de serviço, na qual são debitados os custos de
mão-de-obra, de materiais e de peças utilizadas no reparo bem como
outros custos envolvidos no acidente.
– BENEFÍCIOS DO PROGRAMA
Uma
série de benefícios pode ser obtida com a implantação de um
programa de controle de acidentes com danos à propriedade, como por
exemplo:
- Introdução de uma sistemática de análise de acidentes com danos à propriedade, de forma a assegurar que suas causas sejam determinadas e medidas corretivas sejam adotadas;
- Indicação de áreas, de equipamentos e de procedimentos críticos, quer pela freqüência, quer pela gravidade potencial dos acidentes envolvendo os mesmos, de forma a melhor direcionar o esforço de prevenção de acidentes;
- Controle de causas comuns a acidentes com danos à propriedade e com lesões à pessoa;
- Fornecimento de subsídios para o aprimoramento da política de seguros da empresa, através da identificação e de um melhor controle dos riscos existentes;
- Realce da importância das atividades de prevenção de acidentes, mostrando que, além de sua função social, contribui para a melhoria da produtividade e da rentabilidade da empresa, através da redução das perdas;
- Alteração de atitude do pessoal técnico e de decisão da empresa, passando de um enfoque curativo ( reparo de danos ) para um corretivo ( eliminação das causas dos acidentes ), com vistas à um preventivo ( evitar o acidente antes que ele se manifeste como tal );
- Abertura de novos caminhos que possibilitem um avanço técnico da metodologia empregada na prevenção de acidentes.
CUSTOS
DOS ACIDENTES
A
redução dos acidentes que interferem nos sistemas de produção,
bem como a conseqüente diminuição de custos, é uma tarefa que se
impõe nos dias de hoje, tanto à empresas como aos especialistas em
prevenção e controle de perdas.
É
comum o "grupo” do SESMT evidenciar os custos de acidentes,
para justificar investimentos quanto à prevenção de perdas numa
empresa. Entretanto não mostram (ou não tem condições de mostrar)
exatamente quanto eles custam, ou melhor, quanto eles incidem no
custo do produto.
Os
conceitos tradicionais para levantamento dos custos não tem se
mostrado ferramentas eficazes, pois haveria necessidade de calcular
custo direto ou segurado e custo indireto ou não segurado.
As
principais razões para tanto, dentre outras, são:
- Dificuldade das pessoas-chaves dentro das empresas em assimilar tais conceitos;
- Dificuldade em se obterem as informações para a determinação do custo indireto ou não segurado;
- Não-aceitação ou aceitação com desconfiança;
- Fragmentação das informações e das responsabilidades referentes às conseqüências dos acidentes; e
- Aplicação prática discutível da maioria dos métodos conhecidos para o controle do referido custo.
Pesquisas
realizadas pela FUNDACENTRO revelaram a necessidade de modificar os
tradicionais conceitos de custos de acidentes através de uma nova
sistemática, do enfoque prático, denominada custo
efetivo dos acidentes:
ce
= custo
efetivo do acidente;
c
= custo
do acidente;
i
= indenizações
e ressarcimentos recebidos através de seguro ou de terceiros (valor
líquido).
INTRODUÇÃO
À ADMINISTRAÇÃO DE RISCOS
- ANÁLISE DE RISCOS
- - CONCEITOS BÁSICOS
- Risco: uma ou mais condições de uma variável, com o potencial necessário para causar danos (lesões a pessoas, danos a equipamentos, perda de material em processo, ou redução da capacidade de desempenho de uma função predeterminada). Ou ainda a chance de perda ou perdas que uma empresa pode sofrer por causa de um acidente bem como uma série de acidentes.
- Perigo: expressa exposição relativa a um risco e favorece a sua materialização em danos.
- Dano: severidade da lesão ou a perda física, funcional ou econômica, que podem resultar se o controle sobre um risco é perdido.
- Causa: é a origem de caráter humano ou material relacionado com o evento catastrófico (acidente), pela materialização de um risco, resultando danos.
- Segurança: isenção de riscos. Entretanto, é praticamente impossível a eliminação completa de todos os riscos. Segurança é, portanto, um compromisso com a proteção à exposição de riscos, é o antônimo de perigo.
- Perda: prejuízo sofrido por uma organização, sem garantia de ressarcimento por seguro ou outros meios.
- Sinistro: prejuízo sofrido por uma organização, com garantia de ressarcimento por seguro ou outros meios.
- Incidente: qualquer evento ou fato negativo com potencial para provocar danos. É também chamado ‘quase-acidente’, situação em que não há danos visíveis.
- Acidente: toda ocorrência não-programada, que altera o curso normal de uma atividade, modifica ou põe fim à realização de um trabalho.
-
NATUREZA DOS RISCOS
- Riscos especulativos.
- Riscos puros.- RISCOS ESPECULATIVOS
- Riscos administrativos.
- Riscos políticos.
- Riscos de inovação.
- - Riscos Administrativos
Riscos
de mercado.
- Riscos financeiros.
- Riscos de produção.
- - Riscos Políticos
Leis;
- Decretos;
- Portarias.
-
Riscos de Inovação
- introdução
de novos produtos no mercado e sua aceitação pelos consumidores.
- RISCOS
PUROS
Quando
há somente uma chance de perda e nenhuma possibilidade de ganho ou
lucro:
- Perdas decorrentes de morte ou invalidez de funcionários;
- Perdas por danos à propriedade e a bens em geral;
- Perdas decorrentes de fraudes ou atos criminosos; e
- Perdas por danos causados a terceiros (poluição do meio ambiente, qualidade e segurança do produto fabricado ou do serviço prestado).
- ADMINISTRAÇÃO DE RISCOS
Consiste
em dar proteção aos recursos humanos, materiais e financeiros de
uma empresa, quer eliminando ou reduzindo seus riscos, quer através
do financiamento das riscos remanescentes, conforme seja
economicamente mais viável.
- GERÊNCIA DE RISCOS - PROCESSOS BÁSICOS
- Identificação de riscos;
- Análise de riscos;
- Avaliação de riscos.
- Tratamento de riscos:
- Prevenção: eliminação/redução;
- Financiamento: retenção (auto-adoção/auto-seguro) ou transferência (através de seguro/sem seguro)
Análise
da missão (AM)
É
a análise de todas as atividades de um sistema completamente
desenvolvido operacionalmente tendo em vista os fatores com
potencialidade de dano.
Diagramas
e Análise de fluxo (DAF)
As
análises por diagramas são úteis principalmente para eventos
seqüenciais, ajudando a conhecer o sistema.
Mapeamento
(M)
Técnica
útil na delimitação de áreas perigosas. Exemplo: áreas de risco
elétrico.
Análise
do ambiente (AA)
É
a análise completa do ambiente em seu senso amplo, engloba higiene
industrial, climatologia etc.
Análise
de modos de falha e efeito (AMFE)
Permite
analisar como podem falhar os componentes de um equipamento ou
sistema, estimar as taxas de falha, determinar os efeitos que poderão
advir e estabelecer as mudanças que deverão ser feitas para
aumentar a probabilidade de que o sistema ou equipamento realmente
funcione de maneira satisfatória.
Objetivos:
- Revisão sistemática dos modos de falha de um componente, para garantir danos mínimos ao sistema;
- Determinação dos efeitos que tais falhas terão em outros componentes;
- Determinação dos componentes cujas falhas teriam efeito crítico na operação do sistema (falhas críticas); e
- Determinação dos responsáveis para realizar as ações preventivas ou corretivas.
ANÁLISE
DE COMPONENTES CRÍTICOS (ACC)
Analisa
atentamente certo componente e subsistemas de importância crítica
para determinada operação ou processo.
TÉCNICA
DE INCIDENTES CRÍTICOS (TIC)
É
um método para identificar erros e condições inseguras que
contribuem para os acidentes com lesão, tanto reais como potenciais,
através de uma amostra aleatória estratificada de observadores
participantes, selecionados dentro de uma população. Esses
observadores
participantes são selecionados dos principais departamentos da
empresa, de modo que se possa obter uma amostra representativa de
operações, existentes dentro das diferentes categorias de risco.
Resultados
esperados a partir dessa técnica:
- Revela com confiança os fatores causais, em termos de erros e condições inseguras, que conduzem a acidentes industriais;
- É capaz de identificar fatores causais, associados tanto a acidentes com lesão, como sem lesão;
- Revela uma quantidade maior de informações sobre causas de acidentes, do que os métodos atualmente disponíveis para o estudo de acidentes e fornece uma medida mais sensível de segurança;
- As causas de acidentes sem lesão, como as reveladas pelas TIC, podem ser usadas para identificar as origens de acidentes potencialmente com lesão;
- Permite identificar e examinar os problemas de acidentes antes e não depois do fato, em termos de suas conseqüências com danos à propriedade ou produção de lesões;
- Técnica de incidentes críticos fornece o conhecimento necessário para melhorar significativamente a nossa capacidade de controle e identificação dos problemas de acidentes.
ANÁLISE
DE PROCEDIMENTOS (AP)
Revisão
das ações a serem desempenhadas numa tarefa.
ANÁLISE
DE CONTINGENCIAS (AC)
São
analisadas as situações potenciais de emergência, derivadas de
eventos não programados, erro humano ou causa natural inevitável.
ANÁLISE
DE ÁRVORE DE FALHAS (AAF)
Técnica
dedutiva para a determinação tanto de causas potenciais de
acidentes como de falhas de sistemas, além da estimação de
probabilidades de falha.
ESTRUTURA
BÁSICA DE UMA ÁRVORE DE FALHAS (AF)
Falha
no sistema ou acidente (evento-topo).
A
AF consiste em seqüências de eventos que levam o sistema à falha
ou a acidente.
As sequências de eventos são construídas com auxílio de comportas
lógicas (E – and / OU – or / etc.)
Os
eventos intermediários (eventos de saída) são representados por
retângulos com o evento descrito dentro do mesmo.
As sequências levam finalmente a falhas primárias (básicas) que
permitem calcular a probabilidade de ocorrência do evento-topo.
As
falhas básicas são indicadas por círculos e representam o limite
de resolução da AF.
A Análise de Árvores de
Falhas (AAF) é, portanto, uma técnica dedutiva para a determinação
tanto de causas potenciais de acidentes como de falhas de sistemas.
Bem como para a estimação de probabilidades de falha.
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